sexta-feira, 25 de novembro de 2011

aos graffites paulistanos

na calada da noite
descalam-se as palavras
feito facas afiadas
arranhando os arranha-céus

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

adeus MPB

desliguei a minha vitrola
não quero mais ouvir Cartola
Tristeza sem fim me degola
o amor foi pra mim uma esmola

Não quero saber de Caetano
nem daquele cotidiano
você destruiu o meu plano
seu amor foi somente engano

E Chico que fique esperto
Senão sua cara eu acerto
Não quero a Rita por perto
Prefiro no peito o deserto

Mandei pro inferno a Bossa
Essa noite eu estou na fossa
Com essa dor não há quem possa
ouvir uma música nossa

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

rosa dos ventos

o vento despetalou as flores
arrancou amores
misturando cores
semeando dores
o vento é o suspiro
o respiro da saudade

a saudade misturou as flores
arrancou as cores
despetalou amores
revirou as dores
soprou na calmaria
transformou em vendaval

na terra, as flores arrancadas
as cores despetaladas
os amores revirados
as dores misturadas
sobraram só sementes
espalhadas pelo coração.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Lucy in the Sky with Diamonds

estrelas são
diamantes no céu
os olhos são
estrelas no breu
a noite é
amante do dia

estrelas moram
na noite escura
no escuro os olhos
fechados não vêm
viajando no céu
diamantes desfilam

lágrimas de diamantes
todas as noites
despencam do céu
estrelas cadentes são
lágrimas de amantes
que despregam do breu

descabimentos

quando o meu corpo
cabe na sua cama
e o teu corpo
cabe dentro do meu
a felicidade cabe
no meu sorriso
e o meu amor
tão descabido
quase não cabe
no meu peito





nostalgia

coração manoel
coleciona saudades
olhando pro céu

sábado, 23 de julho de 2011

paradoxo

o amor
redemoinho
de coisas impalpáveis
me agarro
à eterna condição
de ser contradição
o querer
te deixar livre
e sentir que
sem querer
te prendo
e mesmo
com isso
não aprendo
faço tudo
do avesso
um risco
um tropeço
danação que é
não perceber
até onde vai eu
onde começa você

terça-feira, 28 de junho de 2011

bamba

lá no fundo o horizonte
as cores do por do sol
pintadas no céu do inverno

equilibrado sobre uma corda
olho a árvore como seta
certo de que ainda caio

nessa passarela bamba
meu pé balança
o balanço do meu coração

ao arriscar um passo apressado
piso em falso
encontro um chão

e penso que infelizmente os homens
com seus pés e certezas
só conseguem andar na terra

segunda-feira, 20 de junho de 2011

a medida da loucura
de cada homem
é do tamanho do seu desejo
de ser novo de novo
tem a força dos rios
que correm dentro dele
inundando certezas
afogando verdades
o brilho do sol
alimentando vidas
secando solos
o peso da gravidade
derrubando estrelas
conduzindo borboletas

a medida da loucura
de cada um
tem o amargo do seu café
o salgado de suas lágrimas
o suor do seu trabalho
o gosto da cachaça barata
a fumaça do seu cigarro
o barulho do despertador que toca sete e quinze
a temperatura da sua pele
deitada na cama amando o amor
a medida da loucura
de cada um
aquela que os deuses deram ao homem
para que um não se encontre

a loucura que é necessária
para que não se jogue do edifício
para não tomar veneno comprimido
loucura para não tomar chá de cogumelo
e encontrar a sanidade
a medida da loucura de cada um
aquela que impede que você
ame com a intensidade do poeta
impede que eu grite um palavrão bem alto
a loucura que não me deixar odiar os caretas
porque é politicamente incorreto do ponto
de vista dos loucos reacionários
loucura o bastante
para não enlouquecer de vez

terça-feira, 10 de maio de 2011

Rita

Tinha os cabelos ruivos de fogo mais quentes que eu já vi.
Sua pele tão alva com suas veias coloridas e os olhos de verde mato.
ela sorria um riso estridente de tão contente de tão intenso que ria.
se me mordia inteiro eu não podia reclamar nem replicar nem respirar.
desenhava em mim os seus dentes e ficava tão viva que quase morria.