domingo, 28 de abril de 2013

surreal


devaneio
método de intuir
aquilo que
realmente há
por trás
da máscara
surreal
que a vida
insiste em usar

fenda e fresta
quem é você
quando acaba a
festa

as cartas que não escrevi


domingo
penso em escrever cartas
para deixar
saudades
no envelope
da distância

é pena
que amanhece
segunda-feira
e a saudade
correspondência
vai esperar
a semana inteira

desanuviar


as nuvens
serão a fumaça
dos infinitos cigarros
que deus apaga
na sua eterna
solidão?

como se fazendo assim
pudesse preencher
os minutos intermináveis
multiplicados em
cinza melancolia

suponho
e imito deus nesse rito
de espera

na cozinha muda
faço nuvens
com o tempo
que me sobra

quadrinha só


essa noite
o meu olhar
se fundiu
com a lua

a minha vida
por muito tempo
confundiu-se
com a sua

mergulhador


a dor escurece
o mundo
a dor cava
o poço mais fundo
a dor oceano
onde cegamente
afundo

segunda-feira, 15 de abril de 2013

três



monólogo de dois
eu tudo agora
você nada depois



primavera de maio
ou você muda tudo
ou eu saio




se cada homem é uma ilha
eu só
exílio



entre a vida e a morte
um risco
qualquer poesia é sorte



toda a espiritualidade cabe num arma(zen)
amontoada no sótão
poeira e papéis



depois da janela - a vida
um jardim de lírios
delírio e lira



suicídio inevitável
todos os impulsos
serão cortados

existencialismo

cada alma
redondilha
uma ilha
sem cantos

lá esquina
a poesia
andarilha

e se esquiva.